sábado, 20 de novembro de 2010

DOIS SONETOS(CONCIÊCIA NEGRA)

I- Negro!

Oh! Negro, raça tão forte e imponente,
Despreza a língua vil, essa chibata,
Bem como o olhar da face tão ingrata,
Do preconceito açoite indiferente.

A tua raça, tem a força nata,
É lutadora, e sempre foi valente,
Não como essa ignorada e fraca gente,
Que o sangue de “Fünrer” os arrebata.

Ontem: aços, grilhões, e a dor imensa,
Hoje: a mácula impura da aversão,
Em gestos de racismos e de ofensa.

Vós que ostentais tão dura condição,
Atentai-vos para a grande sentença:
-Somos de um só Deus, mesma criação-.



II- GINGA.

Ao som de berimbau e de atabaque,
Na imensa e dura roda dessa vida,
Brilha a sombra da Raça destemida,
E um traquejo de ginga põe destaque.

E de cada mandinga sai um baque,
Como um impulso de força desferida,
Num lampejar de graça reluzida,
Num rabo-de-arraia, mortal, ataque.

-“Paranauê, Paranauê, Paraná”-;
Canta a tribo de Zulu e yorubá,
Viva a capoeira regional, ou de Angola.

Mostrai ó negro, o golpe que degola,
De Zumbi, a destreza que não falha,
O aço tão forte a fúria da navalha.

E.A.S. ED SILVA SP – 20-11-2010

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DEFINIÇÃO

Meus sonetos não têm a perfeição,
Da lírica precisa Bocagiana,
Como também; a emoção Camoniana;
Não têm esses requintes; isso não.

E não revelam a transpiração,
Da sátira perfeita Gregoriana.
Falta a genialidade Machadiana,
Do saber de suprema reflexão.


Meus versos são água correndo ao ralo,
Que flui na simples naturalidade,
No impulso da inspiração de um embalo.

Busco apenas pôr com sinceridade,
Em tudo que poeticamente falo,
A emoção da própria autenticidade.
E.A.S Ed Silva 20/11/2009 - SP

O TEMPO(ONTEM,HOJE,AMANHÃ)

O Tempo põe sobre as coisas a mão,
E nelas vem fazer suas mudanças.
O início e o fim são eternas danças,
Que bailam nesta vida sem razão.

Ontem: o início, doce sensação,
Promessas de diversas esperanças.
Hoje: terríveis garras de vinganças:
O Amor desfeito na separação.

E nesta roda de desesperança,
Este Tempo tem muita crueldade,
E deixa um acre sabor no que lança.

Amanhã: já vem a penalidade,
Uma dor há de viver na lembrança,
Porque no fim do Amor nasce a saudade.
E.A.S Ed Silva - 20/11/2009 - SP

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

ÉCLOGA DO CORAÇÃO.

Pondo os olhos nos montes do sertão,
Vê se as nuvens tristes sobre o verdor,
Onde o poente sol repousa o calor,
E nasce a noite em farta escuridão.

Compõe se a cena da contemplação,
As águas do riacho pairando em dor,
Lançando a quietude pra sobrepor,
O ritual que remonta a solidão.

Nem um pássaro cantarola rouco;
Só o silêncio cobrindo a imensidão,
Revelando a agonia pouco a pouco.

Assim nasce a bucólica canção,
Os sinceros versos de um vate louco;
Cenário do seu próprio coração.
E.A.S – Ed Silva 18/11/2009 - SP

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SONETO DA DEPRESSÃO

Tristemente chorando o coração,
Agonizando as horas mais penosas,
Perdido nas torturas dolorosas,
Desta doença chamada depressão.

Aprisionado em grades de aflição,
Em tantas esperanças enganosas,
Que faz surgir as dores mais furiosas,
Deste sofrimento sem solução.

Pela fúria do tempo que se arrasta,
No estalar dos segundos mais sofridos:
A interna e dura angústia que devasta.

Prantos de uma dor que nunca diz basta,
Tristes liras de cantos doloridos,
Que traduzem a depressão mais vasta.
Ed silva – 13/11/2009 – SP

domingo, 15 de novembro de 2009

Soando como sino!

Soando como sino,
Que está sempre badalando,
Triste desatino.

O meu canto é triste,
De uma própria natureza.
Do que em mim existe,
De pura tristeza.

Meu canto revela,
O oculto no coração,
Da dor que martela,
Eterna aflição.

Soando como sino,
Que está sempre badalando,
Triste desatino.

Meu canto são prantos,
Versos estalando assim.
Por todos os cantos,
Lá dentro de mim.

O meu canto é o real,
Súbito estrondo de trauma,
Bate sem igual
Lá no íntimo d’alma.

Soando como sino,
Que está sempre badalando,
Triste desatino.

E.A.S – ED SILVA - 04/04/02009 - MOGI DAS CRUZES

sábado, 14 de novembro de 2009

O RIO

Rolou uma gota,
Solitária e pequena,
Correndo suave e serena,
E, antes que pudesse secar,
Outra se pôs a rolar.

E desde aquele instante,
A água tornou-se constante,
Onde havia o vazio,
Passou a correr um rio.

O rio que corre é incessante,
Um rio de águas turvas,
Que do CORAÇÃO ao semblante,
Rompe as retas e as curvas.

E, quando secarem se as águas,
Persistirá o RIO das mágoas.

E.A.S ED SILVA – SP – 15/07/2005